Como vocês devem saber, a banda britânica Coldplay está no Brasil fazendo uma turnê de sucesso e que, entre um show e outro, tiraram um tempo para visitar a brinquedoteca do Instituto do Coração (Incor) e dar uma palhinha para pacientes internados.
Mas, infelizmente, houve também um acontecimento bastante triste durante a passagem deles por aqui, que mostra o racismo que tanto acontece em nosso país.
No show que aconteceu no dia 7 de novembro, em São Paulo, Gabriel, um homem negro, que estava no Allianz Parque e, assim como todo mundo que comprou o ingresso, esperava pelo início do show do Coldplay. A polícia, então, chegou no local e não apenas o deteu, mas também, o agrediu e algemou.
O incidente começou quando duas mulheres brancas reclamaram que Gabriel estava “na frente delas”. “A polícia entendeu que o negro não pertence ao show do Coldplay, mesmo tendo comprado ingresso”, disse Helena Vasconcellos, amiga de Gabriel, em uma publicação no Facebook.
Ela ainda disse que os policiais o chamaram “de ‘neguinho de merda’, e insinuaram que plantariam drogas nas coisas dele se ele não baixasse a cabeça e pedisse desculpas”. “A alegação foi desacato à autoridade, porque ele ficou chateado de ser o único a ter que sair do show, e não queria sair, com toda razão”, escreveu Helena.
Corrente do bem e a força do trabalho em equipe
Acontece que a Ana Rodrigues, uma outra amiga de Gabriel, não queria deixar essa história passar batida. Resolveu fazer uma postagem no Facebook pedindo ajuda para levá-lo para assistir o show da banda em Porto Alegre.
“As providências legais já haviam sido tomadas, mas o sonho dele continuava esperando para ser realizado”, disse ela na publicação.
Foi então que ela “viu em pouco tempo uma rede de solidariedade”. Eles não só conseguiram passagem, como uma vaquinha se formou para comprar o ingresso dele.
Na publicação em agradecimento ela disse: “Por meio do Iata Anderson Brandão Alves, piloto da Azul Linhas Aéreas Brasileiras, conseguimos emitir o bilhete de ida do Gabs pra POA. Foi um trabalho em equipe”.
“O único voo disponível chegava às 22h46, então mais amigos entraram e conseguimos remarcar para o das 6h10 da manhã. Mas a passagem era de standby, e todos os voos de Campinas pra POA estavam lotados. Foi então que entraram mais dois anjos na história: Mariana e Elisa, agentes do aeroporto de Viracopos”, escreveu.
“Ele foi reconhecido na fila e os passageiros do voo já estavam planejando escondê-lo no bagageiro para ele chegar, mas ele pegou. Pegou o último lugar, no voo das 9h30 para POA. Entrou no avião e foi recebido com comemoração de todos os passageiros!”, acrescentou.
Helena, em outra publicação disse que “ao longo do dia, pessoas lindas entraram em ação para corrigir a injustiça e garantir que meu amado amigo assistisse ao show que lhe foi tolhido”.
A equipe da empresa aérea Azul foi extremamente solícita, segundo Ana, em fazer o possível para conseguir embarcar Gabriel para ir de encontro ao tão sonhado show de sua vida. “Queria deixar o meu agradecimento especial a essa equipe maravilhosa da Azul, que provou da melhor maneira possível que, apesar do nome, cor é o que menos importa nesse mundo”, disse.
“Se temos amor, solidariedade e principalmente humanidade, as distâncias ficam pequenas. Principalmente a distância entre as pessoas. Deixo aqui os nomes dos funcionários que tanto nos ajudaram: Iata Anderson Brandão, Mariana Tonin Moscardini, Elisa Oliveira Aparecido, Base MCZ”, concluiu.
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