Um projeto idealizado pelo Ministério da Infraestrutura (MInfra), em parceria com o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), passará a usar a identificação biométrica, baseada no reconhecimento facial, para o embarque dos passageiros nos aeroportos brasileiros.
Batizado de Embarque Seguro, o objetivo é tornar o processo mais ágil e seguro. E o primeiro local a contar com a novidade é o Aeroporto Internacional de Florianópolis (SC), que iniciou o uso da plataforma na última quinta-feira (08). A intenção do governo federal é implantar o projeto paulatinamente nos principais aeroportos do país, quando a solução estiver aprovada.
A tecnologia de reconhecimento facial para a identificação do passageiro e embarque automático nos portões eletrônicos (e-gates) já é oferecida no mercado. No entanto, segundo os idealizadores do projeto, não existia, até o momento, um sistema nacional unificado que possibilitasse checar e validar, com rapidez e segurança, a identidade do passageiro a partir do cruzamento com diferentes bases de dados governamentais.
Segundo a Secretaria Nacional de Aviação Civil do MInfra, com o desenvolvimento da solução, as autoridades de segurança poderão utilizar inteligência na avaliação de risco antecipada dos viajantes por meio do Sistema Brasileiro de Informações de Passageiros (Sisbraip).
O aeroporto da capital catarinense, desde 2018 sob administração do grupo suíço Zurich Airport, é pioneiro no uso do Embarque Seguro por já oferecer infraestrutura e tecnologia de base para a instalação do processo biométrico de embarque. Os testes do projeto-piloto em Florianópolis serão realizados com passageiros voluntários da companhia aérea Latam.
Como funciona
A conferência da identidade do viajante ocorrerá no momento do check-in eletrônico, com a vinculação de uma foto ao bilhete aéreo, que permitirá o acesso facilitado do passageiro à sala de embarque. O embarque na aeronave ocorrerá por meio da biometria do viajante, sem a necessidade da apresentação de qualquer documento.
Para realizar os testes, o Serpro desenvolveu um aplicativo que permite o cadastramento da foto do passageiro, ficando vinculada ao seu CPF. A verificação da identificação biométrica é feita por checagem junto ao banco de dados da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), no Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), que possui cerca de 56 milhões de registros ativos. Em breve, outros bancos governamentais serão utilizados para ampliar o universo de dados que podem ser validados para atender a todos os cidadãos.
Checagem feita pelo governo
O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, afirmou que com a solução tecnológica do projeto Embarque Seguro, as autoridades públicas brasileiras passam a ser responsáveis pela checagem das informações dos passageiros, a partir do cruzamento da biometria e dos dados na base do sistema, e não mais o funcionário da companhia aérea na hora do embarque na aeronave.
“Queremos levar mais segurança e agilidade para o setor, alinhando o país com o que existe de mais atual nos padrões internacionais de transporte aéreo”, destacou.
Gileno Gurjão Barreto, presidente do Serpro, explica que a tecnologia do Embarque Seguro combina validação biométrica com a análise de dados para informar o sistema, garantindo uma conferência mais precisa da identidade do passageiro.
“A solução tem por premissa a segurança no tratamento e a proteção dos dados pessoais dos passageiros contra uso indevido ou não autorizado”, afirmou o executivo.
Tempo de espera menor em filas
O Embarque Seguro, além de comprovar a identidade de quem está embarcando, também reduzirá o tempo de espera em filas. O viajante também poderá ter uma experiência de viagem personalizada, sendo avisado sobre quanto tempo falta para a saída do vôo e, ainda, qual a rota mais rápida para chegar até o portão de embarque, por exemplo.
A segurança sanitária em tempos de pandemia de Covid-19 também mostra as vantagens da solução. Com o Embarque Seguro, o contato pessoal é reduzido desde o check-in, passando pelo despacho de bagagem até o embarque na aeronave.
Além disso, o rastreamento de viajantes infectados ou que tenham passado por localidades com focos de doenças tende a ganhar mais eficácia pelas autoridades sanitárias.
// CanalTech