O ex-procurador federal de Nova York revelou ter sido demitido depois de ter se recusado a atender um dos vários telefonemas feitos pelo presidente dos EUA.
Em declarações ao programa This Week, do canal ABC News, Preet Bharara diz que o chefe de Estado ligou para ele mais de uma vez desde que assumiu a presidência e que, na terceira tentativa, se recusou a atender a chamada, conta a BBC.
Menos de um dia depois, o então procurador federal da cidade de Nova York foi demitido. A Casa Branca ainda não comentou as declarações ao canal norte-americano.
Indicado pelo ex-presidente Barack Obama, o ex-procurador de origem indiana revelou que Trump pareceu tentar “cultivar algum tipo de relacionamento” depois de terem se encontrado no fim de 2016. No entanto, Bharara achou a iniciativa “inadequada” já que Trump viria a assumir depois a presidência.
“Durante sete anos e meio, o presidente Obama me ligou zero vezes. Esse é o número de vezes que espero que um presidente dos EUA me ligue porque tem de haver uma relação sem intimidade dada a jurisdição que as pessoas ocupam”, contou.
O porta-voz de um dos advogados do presidente, Mark Corallo, disse no Twitter que, se Bhrarara se recusou a atender uma chamada de Trump, então “mereceu ser demitido”.
Hoje, os procuradores-gerais de Washington e de Maryland vão processar o presidente, alegando que violou cláusulas anticorrupção da Constituição ao aceitar milhões de dólares de governos estrangeiros pagos às suas empresas, destaca o Washington Post.
Os dois democratas baseiam o processo nos “milhões em pagamentos e benefícios de governos estrangeiros” recebidos por Trump desde que se mudou para a Casa Branca, e tendo em conta que optou por “manter a propriedade na sua empresa” depois de assumir o cargo.
Trump transferiu o controle do seu conglomerado empresarial para seus filhos Donald Jr. e Eric, de modo a evitar possíveis conflitos de interesse durante o tempo que ocupar a presidência.
No entanto, o procurador-geral de Washington, Karl A. Racine, e o procurador-geral de Maryland, Brian Frosh, consideram que Trump “quebrou muitas promessas de manter suas responsabilidades públicas separadas dos seus interesses empresariais privados”, incluindo ao receber atualizações regulares sobre a saúde financeira da empresa.
Se um juiz federal permitir que o caso avance, segundo explicaram os procuradores de Washington e Maryland ao jornal, um dos primeiros passos seria pedir cópias das declarações fiscais de Trump – que recusou torná-las públicas até agora – para que se saiba até onde chegam seus negócios no exterior.
Esta batalha, dizem, deverá terminar, provavelmente, no Supremo Tribunal, com os advogados de Trump obrigados a defender que as declarações de impostos do presidente se mantenham privadas.
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