Há 25 anos morria Diana, a “princesa do povo”

Nick Parfjonov / Wikimedia

Diana de Gales, a Princesa do Povo

Lady Di morreu em 31 de agosto de 1997 em um acidente de carro em Paris, após ser perseguida por paparazzi. Um quarto de século depois, a “rainha dos corações” continua sendo um ícone da cultura pop.

“É importante lembrar que, de todas as ironias sobre Diana, talvez a maior seja esta: uma garota que recebeu o nome da antiga deusa da caça foi, no fim das contas, a pessoa mais caçada da era moderna.”

É difícil esquecer os versos contundentes proferidos pelo conde Charles Spencer, em um discurso emocionante – e por vezes ácido – no funeral de sua irmã mais velha, 25 anos atrás.

Diana, princesa de Gales, morreu aos 36 anos em 31 de agosto de 1997, em um acidente de carro em Paris. Também morreram seu companheiro, Dodi Al-Fayed, e o motorista do veículo, Henri Paul. O único sobrevivente foi o guarda-costas Trevor Rees-Jones, apesar de gravemente ferido.

A morte de Lady Di deixou o mundo inteiro em choque, mas as circunstâncias que cercaram o acidente também geraram uma onda de tristeza – e fúria.

O carro capotou enquanto trafegava em alta velocidade sob um túnel na capital francesa. Diana – que já foi considerada “a mulher mais fotografada do mundo”, era perseguida por paparazzi naquele momento.

A sociedade culpou os tabloides pela morte, que tiveram que enfrentar a ira não só do irmão Charles, mas dos dois filhos dela, os príncipes William e Harry, e do público em geral.

Em 1999, porém, investigadores franceses consideraram o motorista Paul o único responsável pelo acidente. Naquela noite, ele dirigia sob influência de álcool e medicamentos prescritos.

Já em 2008, um júri no Reino Unido concluiu que Diana foi morta ilegalmente pela condução imprudente de seu motorista e também pelos paparazzi que perseguiam o veículo. O veredito fez parte de um inquérito de seis meses que ouviu mais de 240 testemunhas.

Sob holofotes

As opiniões divergem sobre a própria cumplicidade da princesa em atrair a atenção da imprensa – seja por meio de suas escolhas de figurino; o livro de sucesso de 1992 escrito por Andrew Morton com cooperação dela; ou a entrevista de 1995 ao jornalista Martin Bashir, da BBC. No ano passado, um inquérito independente concluiu que o profissional teve um “comportamento desonesto” para garantir a entrevista com Diana, numa “violação grave” das normas da emissora britânica.

Foi nessa entrevista, ao programa Panorama da BBC, que Diana declarou: “Éramos três naquele casamento, então estava um pouco lotado” – referindo-se ao caso extraconjugal do príncipe Charles com sua agora esposa, Camilla Parker Bowles. Ela falou ainda sobre seus próprios casos, sua bulimia e suas tentativas de suicídio em meio ao estresse causado pelos protocolos rígidos da família real.

Diana, contudo, seguiu fortemente amada pelo público – provavelmente porque levou, até certo ponto, uma vida com a qual vários podiam se conectar: esposa obediente, mas injustiçada, mãe amorosa e dedicada, membro da realeza, mas “gente como a gente”, fashionista glamourosa, fã de música pop, dançarina ávida e defensora compassiva dos sem-teto e dos doentes.

Em 1987, sua decisão ousada de abandonar o protocolo real de usar luvas e apertar a mão de um paciente HIV positivo foi descrita pela imprensa como “um de seus melhores momentos humanitários”. E Diana seguiu utilizando sua fama para defender diversas causas – desde a luta contra minas terrestres até a promoção das artes.

Assim, ela cimentou seu status como um ícone da cultura pop. E desde então todos os passos de Diana forneceram manterial para inúmeras recontagens de sua vida na forma de documentários, entrevistas, filmes, uma série premiada da Netflix e até um musical de grande repercussão.

Rainha dos corações

Após sua morte em 31 de agosto de 1997, um visivelmente abalado Tony Blair, que era primeiro-ministro britânico na época, introduziu o termo “princesa do povo” para se referir a Diana.

“Vocês sabem como as coisas eram difíceis para ela de tempos em tempos, tenho certeza que só podemos imaginar. Mas indivíduos em todos os lugares – não apenas aqui no Reino Unido, mas em todo lugar – mantiveram a fé na princesa Diana”, afirmou Blair. “Eles a amavam, a consideravam parte do povo. Ela era a ‘princesa do povo’. E é assim que ela permanecerá em nossos corações e em nossas memórias, para sempre.”

Nascida Diana Frances Spencer, ela ganhou vários títulos após se casar com o príncipe Charles, herdeiro do trono britânico. Com o divórcio, contudo, ela acabou perdendo o título de Sua Alteza Real – e a chance de se tornar a rainha da Inglaterra.

Na entrevista à BBC em 1995, ela contou como gostaria de ser reconhecida: “Gostaria de ser a rainha dos corações das pessoas, no coração das pessoas.”

Isso talvez explique os quase 2,5 bilhões de espectadores que assistiram a seu funeral há 25 anos – e por que ela continua sendo um tema de interesse da cultura pop até os dias de hoje.

COMPARTILHAR

DEIXE UM COMENTÁRIO:

Como brasileiros driblam a alta dos preços dos alimentos

Inflação mudou os itens nos carrinhos de supermercado e chegou a afetar a popularidade de Lula. Famílias de diferentes bairros de São Paulo contam sobre sua forma de lidar com a situação. "Driblar os preços." É …

Como Alzheimer deixou ator Gene Hackman sozinho em seus últimos dias: 'Era como se vivesse em um filme que se repetia'

O ator Gene Hackman estava sozinho em sua casa, na cidade de Santa Fé, Novo México, nos EUA, quando faleceu. A estrela de Hollywood, com duas estatuetas do Oscar, não fez uma única ligação e não …

Fenômeno misterioso no centro de galáxia pode revelar nova matéria escura

Pesquisadores do King's College London apontaram, em um novo estudo, que um fenômeno misterioso no centro da nossa galáxia pode ser o resultado de um tipo diferente de matéria escura. A matéria escura é um dos …

ONU caminha para 80 anos focando em reformas e modernização

O líder das Nações Unidas, António Guterres, anunciou o lançamento da iniciativa ONU 80 que quer atualizar a organização para o século 21. Na manhã desta quarta-feira, ele falou a jornalistas na sede da ONU que …

Premiê português cai após denúncia de conflito de interesses

Luís Montenegro perdeu voto de confiança no Parlamento, abrindo caminho para novas eleições. Denúncia envolve pagamentos de uma operadora de cassinos a empresa de consultoria fundada por político. O primeiro-ministro de Portugal, Luís Montenegro, e sua …

Como a poluição do ar em casa afeta a saúde e piora doenças respiratórias

Um levantamento feito em 2024 pela associação Santé Respiratoire France, a pedido da empresa francesa Murprotec, uma das maiores do setor, mostrou que a poluição em ambientes fechados é até nove vezes maior do …

1ª mulher presidente no STM: “Se chegarem denúncias sobre o 8 de janeiro, vamos julgá-las”

Em entrevista à Agência Pública, Maria Elizabeth Rocha, fala de golpe, Justiça Militar e extremismo nas Forças Armadas. O caminho da ministra do Superior Tribunal Militar (STM) Maria Elizabeth Rocha até a presidência da Corte, no …

Fim do Skype: veja 7 apps para fazer chamadas de vídeo

A Microsoft anunciou que o Skype será desativado em 5 de maio de 2025, depois de mais de 20 anos de serviço. Depois do encerramento da plataforma, os usuários poderão migrar para o Microsoft Teams …

O que aconteceu nos países que não fizeram lockdown na pandemia de covid

Em março de 2020, bilhões de pessoas olhavam pelas janelas para um mundo que não reconheciam mais. De repente, confinadas em suas casas, suas vidas haviam se reduzido abruptamente a quatro paredes e telas de …

Iniciativa oferece 3,1 mil bolsas para mulheres em programação e dados

Confederações de bancários e Febraban anunciaram vagas em três cursos. A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e as confederações de bancários – como a Contraf e o Contec – anunciaram nesta terça-feira (11) a oferta …