O juiz Brett Kavanaugh clamou nesta quinta-feira (27) inocência e garantiu que não desiste da candidatura ao Supremo Tribunal apesar do depoimento da professora Christine Blasey Ford, que o acusa de agressão sexual em 1982.
“Ninguém me fará retirar do processo”, disse o conservador, de 53 anos, ao ser ouvido na Comissão Judicial do Senado já depois de Christine Blasey Ford ter sido ouvida. E reiterou: “Sou inocente“, destacando os efeitos da polêmica para a família.
Para Brett Kavanaugh, seu processo de confirmação para um lugar vitalício no Supremo Tribunal norte-americano acabou se tornando uma “vergonha nacional”.
“Minha família e minha reputação foram destruídas para sempre”, disse. Kavanaugh denunciou o que considera ser um “golpe político orquestrado”, assegurando que não se deixará intimidar.
“Podem me derrotar na votação final, mas nunca me farão desistir. Nunca”, disse.
Kavanaugh, que se engasgou e esteve por várias vezes à beira das lágrimas, “negou categoricamente” todas as acusações de Christine Blasey Ford, garantindo que nunca fez as coisas de que é acusado pela professora, nem a nenhuma outra mulher.
Questionado sobre se tinha assistido ao depoimento da professora universitária, Kavanaugh assumiu que não. “Mas estava nos meus planos”, ressalvou. O juiz foi ainda várias vezes questionado sobre uma possível investigação do FBI.
“Está disposto a pedir ao FBI que lance uma investigação sobre o caso?”, questionou a democrata Kamala Harris, insistindo em uma resposta de “sim” ou “não”. Kavanaugh voltou a contornar a questão, ficando sem responder. Frente ao silêncio do conservador, a senadora acaba por assumir o “não”. Kavanaugh não a corrigiu.
Primeiro depoimento no Senado
Christine Blasey Ford, a primeira mulher que acusou publicamente Brett Kavanaugh de abusos sexuais, foi ouvida no Comitê Judicial do Senado, órgão responsável pela avaliação e confirmação do candidato proposto por Trump.
Durante a audiência pública transmitida ao vivo pela televisão, a professora universitária de 51 anos afirmou que decidiu testemunhar porque acreditava que tinha esse “dever cívico”.
“Não estou aqui hoje porque quero, estou aterrorizada. Estou aqui porque sinto que é o meu dever cívico contar o que aconteceu comigo quando Brett Kavanaugh e eu frequentávamos o ensino médio”, declarou.
Christine Blasey Ford acusa Brett Kavanaugh de tentar violá-la durante uma festa em 1982. “Acreditei que ia me estuprar”, declarou a professora, em tom emocionado, segundo descreveram as agências internacionais.
Ford garantiu não ter dúvidas sobre a identidade do agressor, destacando que sentiu que era sua responsabilidade contar a verdade.
Diante dos senadores, Christine Blasey Ford declarou que a agressão está gravada na sua memória e que isso a perseguiu ao longo de todos esses anos. A professora relatou que Kavanaugh, juntamente com outros rapazes, a empurrou para um quarto de uma casa durante uma festa.
Na época, o agora juiz a empurrou para a cama, a apalpou e tentou tirar sua roupa. Quanto Ford tentou gritar, Kavanaugh tapou sua a boca com a mão. A par de Christine Blasey Ford, pelo menos outras duas mulheres acusaram publicamente, até o momento, Brett Kavanaugh de má conduta sexual.
Elogios de Trump: “Foi por isso que o escolhi”
A reação do presidente norte-americano não tardou em chegar. No Twitter, e após as oito horas de audiência, Donald Trump reiterou seu apoio a Kavanaugh, elogiando seu depoimento “poderoso, honesto e firme”.
“O juiz Kavanaugh mostrou à América exatamente por que o indiquei. O seu depoimento foi poderoso, honesto e firme. A estratégia democrata de busca e destruição foi uma vergonha e esse processo foi uma fraude total e uma tentativa de atrasar, obstruir e resistir. O Senado deve votar!”, escreveu Trump.
Após a audiência no Senado, o líder da Casa Branca mantém o apoio ao juiz indicado por ele, instando os senadores a votarem na sua confirmação. Sobre o testemunho de Ford em relação ao episódio de abuso sexual, Trump não se pronunciou.
A continuidade da nomeação do juiz é votada nesta sexta-feira (28). Kavanaugh precisa que todos os senadores republicanos votem a seu favor para chegar à Suprema Corte ou, caso não haja unanimidade dentro do partido, que algum democrata opte por indicá-lo.