Americanos se recusam a usar produtos da Nike e chegam a queimar tênis e cortar meias. Tudo por causa de um atleta que gerou polêmica há dois anos.
Em 2016, no último jogo da pré-época dos San Francisco 49ers, Colin Kaepernick, jogador de futebol americano, decidiu se ajoelhar durante o hino nacional como forma de protesto frente à violência policial junto da comunidade negra.
Ao protesto do atleta, juntaram-se mais jogadores e outras personalidades que ajudaram a dividir ainda mais o país. Contudo, muitos americanos não gostaram do ato de protesto de Colin, considerando ter sido uma ofensa e desrespeito ao país.
“Não vou ficar de pé e mostrar orgulho por uma bandeira e um país que oprime os negros. Para mim isto é maior do que o futebol e seria egoísta da minha parte olhar para o outro lado”, disse o jogador sobre o ato de protesto.
Depois das declarações, o presidente norte-americano Donald Trump entrou em cena insultando os jogadores e pedindo para que fossem demitidos.
A atenção midiática negativa gerada pela controvérsia em volta do jogador teria pesado na decisão final dos clubes de não o contratarem, mantendo o jogador afastado dos gramados desde 2017 – pelo que o jogador está processando a Liga de Futebol Americana, argumentando que os donos dos clubes o colocaram intencionalmente de parte por causa do seu ativismo.
Agora, dois anos depois da polêmica inicial, a Nike surge com uma nova campanha onde Colin Kaepernick é o rosto principal.
Sob o lema “Believe in something. Even if it means sacrificing everything” (Acredite em algo. Mesmo que signifique sacrificar tudo), a marca esportiva junta o atleta a outros, como a tenista Serena Williams, o jogadora de basquete LeBron James e a jogadora de futebol Megan Rapinoe.
Lançada na segunda-feira (3), a campanha publicitária que celebra o 30º aniversário da campanha “Just Do It”, voltou a polemizar no país com os apoiantes mais conservadores de Donald Trump se revoltando com o apoio da marca americana ao ativismo de Colin Kaepernick.
“Acreditamos que Colin é um dos atletas mais inspiradores dessa geração, que elevou o poder do esporte para ajudar a levar o mundo para a frente”, disse à ESPN, Gino Fisanotti, vice-presidente da promoção da marca.
Nas redes sociais, são muitos os americanos que, indignados com a parceria entre Colin e Nike, se filmam queimando ou cortando seus produtos. Tênis, meias e chuteiras são muitos dos artigos que acabam em chamas ou em pedaços.
O próprio presidente norte-americano também decidiu dar uma opinião sobre a nova campanha da marca. “Penso que além do envio de uma mensagem, trata-se de uma mensagem terrível, que não devia ser enviada”, disse Donald Trump em entrevista ao Daily Caller.
Donald Trump, desde o início contra a atitude de Colin Kaepernick, também afirmou que a marca Nike “tem certa liberdade para fazer coisas que as pessoas pensam que não se devem fazer”. No Twitter, o presidente também afirmou que a marca esportiva está sendo “completamente destruída“.
Segundo a BBC, o contrato mantido em 2016 entre Colin Kaepernick e a Nike, que incluía representação total e equipamento esportivo personalizado e que estaria chegando ao fim, foi renegociado com melhorias significativas para que o jogador fizesse parte dessa nova campanha.
Mas mesmo apesar da controvérsia, a camiseta de Colin se tornou a mais vendida da NFL logo depois do jogo onde o atleta se ajoelhou e mesmo um ano depois do protesto, em 2017, quando o atleta já se encontrava afastado dos gramados, a camiseta era ainda a 39ª mais vendida nos Estados Unidos.
Em menos de 24 horas, a discórdia em torno da nova campanha da Nike já valeu uma queda na cotação da bolsa da qual recupera, mas também já rendeu mais de 40 milhões à marca em exposição midiática, beneficio que ultrapassa os riscos de perder alguns clientes.
Ciberia // ZAP