O tema era o meio-ambiente, mas o debate sofre o futuro da humanidade ganhou outros vultos quando a jovem ativista climática de Uganda, Vanessa Nakate, descobriu que havia sido cortada pela agência de notícias Associated Press de uma foto que reunia ela junta de outras ativistas durante atividade no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça.
“É a primeira vez na minha vida que entendo a definição da palavra racismo”, escreveu Vanessa, a única negra entre outras jovens alemãs, suecas e suíças – fazia parte do grupo e da foto a jovem estrela do ativismo internacional, a sueca Greta Thunberg.
Ao confrontar diretamente o veículo pelo twitter, mostrando a foto original e a versão da imagem na qual simplesmente foi cortada, Vanessa deu a dimensão do ato de racismo cometido pela agência. “A AP não apagou apenas uma foto, mas apagou todo um continente”, escreveu a jovem, lembrando que ela não só era a única negra no grupo, mas também a única representante do continente africano – “mas eu estou mais forte do que nunca”, ela complementou.
Em outra postagem a ativista lembrou que, ainda que seja o continente que menos produz poluição, a África é o mais afetado pela crise ambiental.
“Lamentamos a publicação de uma foto nesta manhã que não mostrou a ativista climática ugandense Vanessa Nakate, a única pessoa de cor na foto”, afirmou, em comunicado, Sally Buzbee, editora executiva da AP. “Como organização de notícias, nos preocupamos profundamente em representar com precisão o mundo que cobrimos”, disse, afirmando que não havia, no entanto, más intenções.
Greta Thunberg também se posicionou sobre o ocorrido, afirmando que a corte da imagem foi “completamente inaceitável”.
Vanessa posteriormente lançou um vídeo de 10 minutos comentando o ocorrido. “Sinto muito que tenham feito isso com você… Você é a última que mereceria isso! Estamos todos gratos pelo que você tem feito e todos mandamos amor e apoio! Espero te ver de novo”, afirmou Greta em resposta ao vídeo.
Assim como Greta, Nakate também manteve-em protesto solitário durante meses em frente ao parlamento de Uganda, e tornou-se liderança no movimento Juventude pela África do Futuro – e o próprio fato da maioria não conhecer tanto seu trabalho até o terrível incidente das fotos é também sintoma do racismo que media todas as nossa relações.
“Curiosamente só os maiores emissores de gases do nosso país serão ricos o suficiente para sobreviver à crise alimentar, enquanto a maioria das pessoas que vivem em povos e comunidades rurais enfrentarão problemas para obter alimentos devido aos altos preços e ao desabastecimento” disse a ativista, em entrevista recente. Tudo isso levará à fome e à morte de muita gente. Na minha região, a falta de chuva já significa fome e morte para os menos privilegiados”.
// Hypeness