Cientistas da Universidade da Califórnia em Berkeley, nos Estados Unidos, e da Universidade de Lincoln, no Reino Unido, analisaram uma gravação do ruído utilizado supostamente para os “ataques acústicos” contra diplomatas norte-americanos em Cuba, e chegaram a uma conclusão completamente inesperada.
Há mais de dois anos que o ruído misterioso e possivelmente prejudicial, registrado na embaixada dos Estados Unidos em Cuba, confunde as autoridades.
Depois de serem surpreendidos por um ruído agudo e persistente, vários diplomatas norte-americanos adoeceram, apresentando sintomas enigmáticos que incluíam dores de cabeça, dores de ouvido, vertigens, náuseas e perda auditiva.
Na época, os investigadores suspeitaram de que o chamado “ataque sônico” pudesse ter vindo de algum tipo de arma ultrassônica, que fazia explodir ondas sonoras ou microondas. No entanto, essa gravação bizarra pode, afinal, ter sido produzida por nada mais do que chilrear de grilos.
“Na comunidade médica há muitas controvérsias sobre que tipo de dano físico, se é que há algum, pode ter sido sofrido pelas pessoas afetadas. Tudo o que posso dizer é que o registro publicado pela agência AP é de um grilo, e achamos que sabemos a que espécie pertence”, assinalou um investigador.
Segundo Alexander Stubbs, da Universidade da Califórnia, e Fernando Montealegre-Z, da Universidade de Lincoln, os ruídos pertenciam ao grilo de cauda curta (Anurogryllus celerinictus), um inseto muito famoso pelos seus grunhidos durante o acasalamento.
As conclusões dos cientistas foram apresentadas no decorrer de uma reunião anual da Sociedade para Biologia Integrativa e Comparativa (SICB).
Quando as gravações bizarras eram comparadas aos chilros habituais desse grilo, os dois sons combinavam “em detalhes com nuances” e compartilhavam a mesma taxa de frequência.
As únicas discrepâncias observadas eram, porém, facilmente explicadas: enquanto os biólogos registram o som dos grilos na natureza, os diplomatas faziam as gravações dentro de uma casa.
Essa conclusão não significa que não houve qualquer ataque sônico, nem tampouco que os sintomas dos diplomatas eram inteiramente psicossomáticos.
Os cientistas defendem que pode ter havido algum tipo de interferência catastrófica que causou todo o evento que afetou 26 diplomatas norte-americanos. No entanto, a gravação pouco ou nada teve a ver com isso.
Aliás, mesmo que os grilos possam ter causado distúrbio, emitindo um ruído contínuo e perturbador, esses animais não têm o poder de causar danos aos seres humanos.
Ciberia // ZAP