A Rússia voltou a se declarar inocente e reiterou, nesta quarta-feira (14), que “não admite acusações sem provas” e ultimatos de Londres, exigindo explicações de Moscou sobre o envenenamento do ex-espião Serguei Skripal no Reino Unido.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou em coletiva de imprensa que “a posição de Moscou é conhecida”, insistindo que a Rússia “não tem qualquer relação com o que se passou na Grã-Bretanha“.
Além disso, o porta-voz acrescentou que a Rússia considera inaceitáveis as acusações sem provas “e não admite a linguagem dos ultimatos”, em alusão ao prazo dado pela primeira-ministra britânica, Theresa May, para que Moscou explique como o agente nervoso de fabricação russa usado no atentado chegou ao Reino Unido.
Por sua vez, o ministro de Relações Exteriores, Serguey Lavrov, disse, nesta quarta, que a Rússia responderá aos requerimentos de Londres dez dias após receber um pedido oficial de explicações, assim como aponta o Tratado para a Proibição de Armas Químicas.
Enquanto isso, a Rússia planeja pedir acesso consular para poder visitar Yulia Skripal, hospitalizada em Salisbury juntamente com o pai, desde que foram envenenados com um agente nervoso, no dia 4 de março. A mulher, de 33 anos, voou no dia 3 de março para Londres para visitar seu pai, um dia antes de ambos serem envenenados.
Segundo o porta-voz do Kremlin, Moscou continua disposta a cooperar com a investigação sobre as causas do incidente, mas “infelizmente não vemos a mesma disposição por parte do Reino Unido”.
Questionado sobre se Moscou teme o isolamento internacional, Peskov apontou que espera “que prevaleça o sentido comum, que outros países pensem pelo menos se há ou não provas que sustentem as acusações contra a Rússia”.
Entretanto, o governo britânico prepara um conjunto de medidas que aplicará caso a Rússia não dê uma explicação convincente sobre o ataque, quando já passou o prazo dado pela primeira-ministra Theresa May ao Kremlin. Uma das sanções poderá ser o fechamento da televisão russa RT, considerada um órgão de propaganda pró-Kremlin.
May anuncia expulsão de 23 diplomatas russos
Segundo a BBC, primeira-ministra britânica Theresa May anunciou no parlamento a expulsão de 23 diplomatas russos em retaliação contra a falta de resposta de Moscou.
Depois de ultrapassado o prazo para o Kremlin dar o devido esclarecimento sobre o envenenamento do antigo espião russo, a governante esclarece que “desprezo e sarcasmo” foram as atitudes que Londres recebeu de Moscou, quando pediu esclarecimentos sobre como o gás de nervos da série Novichok entrou no Reino Unido.
Além disso, avança o Público, todos os contatos de alto nível serão cancelados, incluindo uma visita do ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, ao Reino Unido e a presença de ministros ou membros da família real no mundial de futebol que será realizado este ano na Rússia.
Agora, May não tem dúvidas de que a Rússia está por trás não só do envenenamento como também da ameaça “da vida das pessoas na cidade de Salibsury”. “Esse não é apenas um ato contra Sergei e Yulia Skripal e contra o Reino Unido, mas também uma afronta à proibição da utilização de armas químicas”, disse.
O Reino Unido anunciou ainda que pediu uma reunião de urgência do Conselho de Segurança das Nações Unidas para informar os membros – entre eles a Rússia – sobre a investigação ao caso. O encontro deverá acontecer ainda nesta quarta.
O Kremlin já garantiu que irá responder ao Reino Unido. A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Maria Zakharova, lembrou ao Reino Unido o potencial nuclear da Rússia e recordou que Vladimir Putin já tinha anunciado novas e poderosas armas.
Além disso, caso a RT seja fechada no Reino Unido, todos os órgãos de comunicação britânicos na Rússia serão igualmente expulsos do país.
Ciberia // ZAP