Tempestade cósmica refuta teoria sobre declínio de antigo reino asiático

NASA / JPL-Caltech

Uma equipe de cientistas detalhou com mais precisão os chamados “acontecimentos Miyake” – nome atribuído aos grandes desastres espaciais, associados a erupções vulcânicas, meteoros em queda e explosões solares – que deixam rastros em anéis de árvores.

De acordo com um novo estudo, publicado no início do mês de setembro na revista Nature, a descoberta pode ajudar a determinar exatamente a idade de um achado arqueológico e provar ou refutar uma hipótese histórica. A técnica permitiu ainda esclarecer o mistério do declínio de um antigo reino asiático.

Os cientistas escrevem na publicação que houve um poderoso surto de atividade solar no ano de 774, que desencadeou uma tempestade de prótons. Esse surto descreve um incrível aumento dos raios cósmicos que atingiram a Terra na época – uma espécie de tempestade cósmica.

Essas partículas subatômicas de alta energia penetraram na atmosfera terrestre e desencadearam uma série de reações que aumentaram os níveis de carbono 14. Este, ao ser absorvido pelas árvores durante a fotossíntese, acabou depositado nos anéis de crescimento – deixando um “rastro” evidente.

Esse fenômeno foi descoberto em 2012 pela cientista Fusa Miyake, que detectou traços do fenômeno em restos de árvores em diferentes países. A pesquisadore acabou ainda por apelidar esses eventos cósmicos.

Afinal, não foi uma erupção vulcânica

Na nova pesquisa, os cientistas partiram dos “acontecimentos de Miyake” para esclarecer como o antigo reino de Balhae, localizado na Manchúria e no norte da península coreana, acabou ruindo em meados de 926, segundo apontam as crônicas.

A versão comumente aceita sugere que o reino teria entrado em declínio devido à erupção do Monte Paektu, cuja data exata era até então desconhecida.

Para esclarecer o mistério do reino asiático, os cientistas submeteram um pinheiro enterrado sob as cinzas do vulcão à análise de radiocarbono, determinando que a árvore morreu entre os anos 920 e 950.

De acordo com os cientistas, a árvore viveu 264 anos. E, por isso, os cientistas deduziram que a planta ainda estava viva em 774 – ano em que se deu a tempestade cósmica.

Depois, a contagem dos anéis determinou que a árvore morreu exatamente em 946, deduzindo-se que a erupção vulcânica ocorreu naquele ano. Após a erupção vulcânica, não podia restar mais nada de Balhae e, por isso, a equipe concluiu que a queda da civilização não pode estar associada à erupção vulcânica do Monte Paektu.

Ou seja, a erupção vulcânica (946) deu-se após a queda do reino (em meados de 926). O novo estudo não aponta o que teria levado ao declínio do antigo reino, mas descarta a hipótese de que teria sido um vulcão.

Ciberia // ZAP

COMPARTILHAR

DEIXE UM COMENTÁRIO:

Como é feito o café descafeinado? A bebida é realmente livre de cafeína?

O café é uma das bebidas mais populares do mundo, e seus altos níveis de cafeína estão entre os principais motivos. É um estimulante natural e muito popular que dá energia. No entanto, algumas pessoas preferem …

“Carros elétricos não são a solução para a transição energética”, diz pesquisador

Peter Norton, autor do livro “Autonorama”, questiona marketing das montadoras e a idealização da tecnologia. Em viagem ao Brasil para o lançamento de seu livro “Autonorama: uma história sobre carros inteligentes, ilusões tecnológicas e outras trapaças …

Método baseado em imagens de satélite se mostra eficaz no mapeamento de áreas agrícolas

Modelo criado no Inpe usa dados da missão Sentinel-2 – par de satélites lançado pela Agência Espacial Europeia para o monitoramento da vegetação, solos e áreas costeiras. Resultados da pesquisa podem subsidiar políticas agroambientais Usadas frequentemente …

Como o Brasil ajudou a criar o Estado de Israel

Ao presidir sessão da Assembleia Geral da ONU que culminou no acordo pela partilha da Palestina em dois Estados, Oswaldo Aranha precisou usar experiência política para aprovar resolução. O Brasil teve um importante papel no episódio …

O que são os 'círculos de fadas', formações em zonas áridas que ainda intrigam cientistas

Os membros da tribo himba, da Namíbia, contam há várias gerações que a forte respiração de um dragão deixou marcas sobre a terra. São marcas semicirculares, onde a vegetação nunca mais cresceu. Ficou apenas a terra …

Mosquitos modificados podem reduzir casos de dengue

Mosquitos infectados com a bactéria Wolbachia podem estar associados a uma queda de 97% nas infecções de dengue em três cidade do vale de Aburra, na Colômbia, segundo o resultado de um estudo realizado pelo …

Chile, passado e presente, ainda deve às vítimas de violações de direitos humanos

50 anos após a ditadura chilena, ainda há questões de direitos humanos pendentes. No último 11 de setembro, durante a véspera do 50° aniversário do golpe de estado contra o presidente socialista Salvador Allende, milhares de …

Astrônomos da NASA revelam caraterísticas curiosas de sistema de exoplanetas

Os dados da missão do telescópio espacial Kepler continuam desvendando mistérios espaciais, com sete exoplanetas de um sistema estelar tendo órbitas diferentes dos que giram em torno do Sol. Cientistas identificaram sete planetas, todos eles suportando …

Em tempos de guerra, como lidar com o luto coletivo

As dores das guerras e de tantas tragédias chegam pelas TV, pelas janelinhas dos celulares, pela conversa do grupo, pelos gritos ou pelo silêncio diante do que é difícil assimilar e traduzir. Complicado de falar …

Pesquisa do Google pode resolver problemas complexos de matemática

O Google anunciou uma série de novidades para melhorar o uso educativo da busca por estudantes e professores. A ferramenta de pesquisa agora tem recursos nativos para resolver problemas mais complexos de matemática e física, inclusive …