Tensão no Oriente Médio prestes a ser agravada com a mudança de embaixada dos EUA para Jerusalém

Nick Thompson / Flickr

Jerusalém, Israel

Vivem-se dias de alta tensão no Oriente Médio depois da retirada dos EUA do acordo nuclear com o Irã. E o “barril de pólvora” pode explodir na próxima semana, com a mudança da embaixada dos EUA para Jerusalém.

Depois do anúncio de Trump da saída dos EUA do acordo nuclear com o Irã, Israel e Irã dispararam mísseis um contra o outro. Mas há receio de que o ambiente de alta tensão seria agravado ainda mais com a mudança da embaixada dos EUA para Jerusalém, que acontece já na próxima semana.

As consequências da decisão, que foi uma das promessas da campanha eleitoral de Trump, são imprevisíveis. Mas não há dúvidas de que podem surgir atos de violência, e as autoridades norte-americanas preparam a mudança com medidas de segurança reforçadas.

“Numa situação altamente tensa, jogamos gasolina na fogueira nos retirando do acordo nuclear com o Irã”, destaca o ex-dirigente da CIA, Bruce Riedel, em declarações à CNN.

Riedel diz que a mudança da embaixada para Jerusalém é “muito perigosa”. “É enviar o sinal de que os EUA querem confrontar o Irã, e esse é um sinal que os israelenses e os sauditas estão muito ansiosos para ouvir”, sustenta Riedel.

Além da tensão entre Israel e Irã, a Arábia Saudita mantém, na fronteira com o Iêmen, uma guerra com os rebeldes hutis, que são apoiados pelas autoridades iranianas. Os EUA são acusados de apoiarem secretamente os sauditas nessa guerra contra os rebeldes muçulmanos.

A guerra civil na Síria continua também incendiando a região. E há ainda a tensão que persiste há anos entre Israel e a Palestina, com ambos os países a considerarem Jerusalém como sua capital.

Ainda é acrescido o fato de Jerusalém ser considerada uma cidade sagrada na maioria dos países árabes.

Além disso, a mudança da embaixada dos EUA para Jerusalém acontece no dia em que se comemora o aniversário da fundação de Israel, data conhecida como “Naqba” ou “desastre” pelos palestinos, porque levou “centenas de milhares de palestinianos” a serem “forçados a fugir das suas casas”, frisa a CNN.

É como colocar “sal na ferida”, segundo a análise de alguns especialistas da região na estação norte-americana.

Mas para o embaixador dos EUA em Israel, David Friedman, a decisão de Trump irá acabar gerando “maior estabilidade” na região, pois “cria uma oportunidade e uma plataforma para proceder com o processo de paz com base em realidades, mais do que em fantasias”, conforme declarações divulgadas pela CNN.

Entretanto, Israel tem tentado obter o apoio da Rússia contra o Irã na Síria, onde os russos têm atuado como aliados do regime no poder, liderado por Bashar Al Assad. Mas as negociações não estariam fáceis.

Publicamente, a Rússia se une às vozes do Reino Unido, da Alemanha e da França que apelam à “moderação” na zona para evitar uma escalada de violência. Uma intervenção que visa também a defesa de interesses econômicos no Irã, onde empresas francesas e alemãs, por exemplo, têm se manifestado preocupadas com as sanções impostas pelos EUA, no seguimento da saída do acordo nuclear.

Ciberia // ZAP

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