Os dias na Terra estão ficando mais longos porque a Lua se afasta 3,82 centímetros por ano, segundo um novo estudo em que se calcula que há 1,4 bilhão de anos um dia durava 18 horas.
“À medida que a Lua se afasta, a Terra é como um patinador no gelo girando ao redor de si mesmo que desacelera à medida que abre os braços”, ilustrou o professor de geociência Stephen Meyers, da universidade norte-americana de Wisconsin-Madison, coautor do estudo publicado no boletim da Academia Nacional das Ciências dos Estados Unidos.
No estudo, foi reconstituída a história da relação da Lua com a Terra, cujo movimento no espaço é influenciado por outros corpos celestes que exercem força sobre o planeta, como seu satélite e outros planetas. Isso faz com que haja variações na rotação da Terra e na translação em torno do Sol.
“Nosso trabalho descreve um método estatístico que liga a astronomia teórica com observação geológica, a astrocronologia, para investigar o passado da Terra, reconstituir a história do Sistema Solar e compreender mudanças climáticas ancestrais registradas na rocha”, diz Meyers, citado pelo Phys.org.
No entanto, o fenômeno do afastamento da Lua não é novo. Já em março de 2015, a pesquisadora Margaret Ebunoluwa Aderin-Pocock, do Departamento de Ciência e Tecnologia do University College de Londres, explicava que a Lua está se afastando da Terra a uma velocidade de 3,78 centímetros por ano – um pouco mais de 1 milímetro por dia.
Graças aos pousos na Lua das missões Apollo, da NASA, entre 1969 e 1972, podemos medir a distância da Terra à Lua com incrível precisão. Em três destas missões, os astronautas deixaram no satélite unidades retrorrefletoras cheias de pequenos espelhos.
A experiência foi, aliás, eternizada na TV no episódio “Lunar Excitation” da conhecida série The Big Bang Theory, no qual os personagens disparam um raio laser à Lua do telhado.
Por que a Lua se afasta da Terra?
O afastamento da Lua se deve à fricção entre a superfície da Terra e a enorme massa de água que a cobre. Essa fricção faz com que, ao longo do tempo, a Terra gire um pouco mais lentamente sobre seu eixo: a água atrasa a rotação da Terra.
De acordo com a terceira lei de Newton, por cada ação há uma reação de força igual e no sentido oposto. A Terra e a Lua estão unidas por uma espécie de abraço gravitacional. À medida que o movimento de rotação da Terra diminui, o da Lua acelera.
E, quando um corpo que está em órbita acelera, essa aceleração o empurra para fora do “abraço”.
O efeito da desaceleração da Terra
A diminuição da velocidade de rotação da Terra e distância da Lua afetam o planeta de várias formas. À medida que a Terra gira mais devagar, os dias ficam mais longos, em dois milésimos de segundo a cada século.
Além disso, os invernos serão muito mais frios e os verões, muito mais quentes. As marés também são afetadas com esse efeito. Se a força gravitacional da Lua se torna mais fraca, as marés nas Terra não serão tão acentuadas.
E, na realidade, nenhuma destas consequências deve nos preocupar: as mudanças são muito sutis para que possamos sequer percebê-las no nosso tempo de vida. A Lua nunca vai fugir da Terra. Mesmo que a Terra continue a diminuir sua velocidade, a certo momento acabaria girando na mesma velocidade que a Lua nos orbita.
Nesse momento, a Terra e a Lua chegariam a um equilíbrio, a Lua deixaria de se afastar, e seria um satélite geoestacionário. Mas muito antes de isso acontecer, o Sol irá se expandir, se transformar numa gigante vermelha e engolir a Terra e seu satélite natural.
Portanto, esqueça a Lua. É com o Sol que devemos nos preocupar – dentro de “apenas” 5 bilhões de anos.
Ciberia // ZAP