Dez anos após a queda do voo AF447, que partiu do Rio de Janeiro com destino a Paris, a Procuradoria da capital francesa acusou a companhia aérea Air France pelo acidente, que provocou a morte dos 228 ocupantes, e recomendou que a empresa vá julgamento devido ao caso, segundo revelou a imprensa local nesta quarta-feira (17/07).
Os procuradores concluíram que a Air France estava ciente dos problemas técnicos nos instrumentos chaves de medição do modelo do avião que caiu, mas falhou em informar ou treinar pilotos sobre como atuar diante desses problemas.
A Procuradoria recomendou que a empresa seja julgada por “homicídios involuntários, por imprudência, falta de atenção, negligência e descumprimento de uma obrigação de prudência imposta por lei ou regulamento”.
O inquérito considerou que a companhia aérea “foi negligente e imprudente” ao não informar devidamente os pilotos sobre procedimentos a serem adotados em caso de anomalias nas sondas que permitem controlar a velocidade do aparelho após vários incidentes semelhantes que tinham ocorrido no mês anterior ao acidente.
No relatório, os procuradores disseram que a negligencia e falta de treinamento causaram um caos no cockpit.
A Procuradoria solicitou ainda o arquivamento do processo contra a fabricante Airbus por falta de provas. A empresa havia alertado um ano antes do acidente sobre a possível leitura incorreta de sensores externos. Tanto a Airbus como a Air France foram acusadas em março de 2011 por homicídios involuntários.
De acordo com as conclusões do Escritório de Investigação e Análise (BEA) emitidas em 2012, o acidente em pleno Atlântico aconteceu depois que o gelo bloqueou as sondas de medição da velocidade do avião, o que fez com que os pilotos desconhecessem esse dado quando atravessavam uma zona de turbulências.
Nesse momento, não foi aplicado o protocolo adequado e elevaram o curso do aparelho até que este perdeu a horizontalidade, deixou de planar e se colocou em situação de queda livre. Uma circunstância que os pilotos não souberam ler, pois acreditaram que estavam subindo quando na realidade perdiam altura.
A BEA concluiu que a tripulação estava mal preparada e não reagiu corretamente ao congelamento dos sensores de velocidade.
O Airbus A330 da Air France, que partiu do Rio de Janeiro com destino a Paris, caiu no Oceano Atlântico em 31 de maio de 2009. As caixas-pretas do avião só foram localizadas quase dois anos após o acidente.