Os Estados Unidos e a China chegaram nesta sexta-feira (11/10) a um acordo parcial classificado pelo presidente americano, Donald Trump, de “significativo” para uma trégua na guerra comercial entre os dois países.
O acordo parcial, que abrange questões sobre agricultura, moeda e proteção da propriedade intelectual, representa o maior passo para a resolução da guerra comercial que já dura 15 meses entre as duas maiores economias do mundo. O conflito atingiu mercados financeiros e desacelerou o crescimento global.
“Conseguimos um acordo significativo de primeira fase, mas ainda não está redigido”, disse Trump a jornalistas durante uma reunião no Salão Oval com o vice-primeiro-ministro chinês, Liu He.
Os governos não deram detalhes sobre o pacto, que será colocado no papel ao longo das próximas quatro semanas. O objetivo é que Trump e o presidente da China, Xi Jinping, assinem o documento durante a cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), que será realizada em Santiago, no Chile, nos dias 16 e 17 de novembro.
“Estaremos no Chile, e terei uma [cerimônia de] assinatura formal com o presidente Xi”, afirmou Trump, que até agora não tinha confirmado se iria à cúpula. O presidente disse ainda que nos últimos meses houve muito “atrito” entre Estados Unidos e China, que agora, segundo ele, vivem um “festival do amor”.
“Este é um acordo tão grande que o estamos fazendo por seções“, declarou Trump, ressaltando que os dois países se dedicarão a negociar uma “segunda fase” do acordo, sem descartar que haja uma terceira.
O presidente americano explicou que o pacto inclui algumas medidas relacionadas à desvalorização da moeda chinesa e temas de propriedade intelectual, embora não aborde a transferência forçada de tecnologia na China, um tema que será discutido “na segunda fase”.
O acordo parcial foi anunciado após dois dias de negociações em Washington, das quais participaram o secretário americano do Tesouro, Steven Mnuchin, e o representante de Comércio Exterior dos EUA, Robert Lighthizer, além da delegação chinesa comandada por Liu.
Em virtude do pacto, os Estados Unidos suspenderam o aumento de 25% para 30% nas tarifas sobre 250 bilhões de dólares em produtos da China, que deveriam entrar em vigor na próxima semana. Por sua vez, o país asiático se comprometeu a adquirir de 40 bilhões a 50 bilhões de dólares em produtos agrícolas americanos, segundo a Casa Branca.
Há meses, os dois países negociam uma forma de resolver a guerra comercial aberta pelo presidente americano. Fases de progresso e desastre têm se alterado ao longo das negociações. Em maio, as conversas pareciam ter entrado em colapso, mas ganharam um impulso depois da reunião entre Trump e presidente da China, Xi Jinping, durante a cúpula do G20 no Japão.
As tensões entre EUA e China têm raízes no desequilíbrio da balança comercial a favor do país asiático, que exporta 419 bilhões de dólares a mais do que importa, o que, segundo Trump, acontece devido a injustas práticas comerciais chinesas.
O americano acusa Pequim de práticas comerciais desleais, como transferências tecnológicas forçadas de firmas americanas e o favorecimento de empresas chinesas com pesados subsídios.