Uma dieta sem glúten é aconselhada apenas para pessoas intolerantes (celíacos), já que a proteína não está associada a risco de doenças coronárias, alerta um estudo divulgado na terça-feira (2).
Segundo o estudo publicado na revista médica britânica BMJ, a restrição do glúten (proteína encontrada nos cereais como o trigo, centeio e cevada) pode também resultar em uma baixa ingestão de grãos integrais, que estão associados a benefícios cardiovasculares.
Os pesquisadores defendem que não devem ser encorajadas dietas sem glúten entre pessoas sem a doença celíaca, que afeta pessoas com predisposição genética causada pela constante sensibilidade ao glúten.
O glúten desencadeia inflamação e danos intestinais em pessoas intolerantes, e está associado a um aumento do risco da doença arterial coronária que é reduzido após o tratamento com uma dieta sem esta proteína.
No entanto, o número de pessoas tolerantes à proteína que começou a evitar o glúten também aumentou nos últimos anos, em parte devido à crença de que a proteína pode ter efeitos prejudiciais à saúde.
Apesar da crescente tendência das dietas com pouco glúten ou sem ele, nenhum estudo a longo prazo avaliou a relação desta proteína com o risco de doenças crônicas, como a doença arterial coronária, em pessoas que não sejam celíacas.
Uma equipe de pesquisadores norte-americanos decidiu analisar a associação a longo prazo da ingestão de glúten com o desenvolvimento da doença arterial coronária e analisou dados de 64.714 mulheres e 45.303 homens profissionais da saúde sem histórico da doença. Estes preencheram um questionário alimentar detalhado em 1986, que foi atualizado a cada quatro anos até 2010.
O consumo de glúten e o desenvolvimento da doença arterial coronária foi acompanhado durante os 24 anos. Depois do ajuste dos fatores de risco conhecidos, não foi encontrada uma associação significativa entre a ingestão da proteína e o risco subsequente da doença.
Os autores dizem que este é um estudo de observação, portanto não podem ser retiradas conclusões de causa-efeito.
Ainda assim, os cientistas “não apoiam a restrição do glúten com o objetivo de reduzir o risco da doença arterial coronária” e que “a promoção de dietas sem glúten com a finalidade de prevenção dessa doença entre pessoas sem a doença celíaca não deve ser recomendada”.
// ZAP