A Coreia do Norte desenvolveu e testou um novo sistema de armas, comunicou a agência estatal de notícias KCNA nesta quinta-feira (18/04). Sem denominá-lo de míssil, o projeto foi descrito como uma “arma tática guiada” que carrega uma “ogiva poderosa”.
O líder norte-coreano, Kim Jong-un, esteve presente no teste, segundo o comunicado. Kim afirmou que o desenvolvimento bem-sucedido do projeto representa “um evento de grande importância” para impulsionar as capacidades de combate da Coreia do Norte.
Kim “coordenou o teste de fogo”, que foi realizado “em vários modos de disparo em alvos diferentes”, relatou a KCNA. O líder norte-coreano também acompanhou um exercício de combate das forças antiaérea e aérea e expressou “grande satisfação” com o desempenho.
A operação desta quinta-feira marcou o primeiro teste de armas divulgado oficialmente por Pyongyang desde o fracasso das conversas entre Kim e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em fevereiro, em Hanói.
Marcou também a primeira vez que Kim supervisionou de perto um teste de armamento desde novembro do ano passado, quando o líder acompanhou o lançamento de outra “arma tática”, provavelmente um sistema de artilharia, que supostamente poderia proteger a Coreia do Norte como um “muro de aço”.
No momento dos dois testes – de novembro e desta quinta-feira – o diálogo com Washington estava travado. A Casa Branca comunicou ter tomado conhecimento do relato sobre os testes norte-coreanos, mas não fez comentários.
O uso da palavra “tática” para descrever sistemas de combate pode indicar que são de curto alcance, o que não viola as sanções da ONU – diferentemente dos anteriormente testados mísseis de longo alcance capazes de transportar ogivas nucleares ao território dos EUA.
Após o fracasso da cúpula em Hanói, Kim sugeriu romper as conversas com os americanos e ameaçou retomar os testes com mísseis nucleares. Apesar disso, o líder norte-coreano afirmou na semana passada estar disposto a se reunir novamente com Trump.
Nesta quinta-feira, no entanto, a Coreia do Norte exigiu a substituição do secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, como líder nas negociações sobre a desnuclearização como condição para o prosseguimento do diálogo.
Em nota da KCNA, um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores norte-coreano afirmou que “caso as conversas sejam retomadas no futuro”, o regime gostaria que em vez de Pompeo, esse papel fosse atribuído a “alguém que mostre maior tato e maturidade na hora de se comunicar” com Pyongyang.
O porta-voz acrescentou que o relacionamento pode “se tornar complicado se Pompeo estiver envolvido nas negociações”, mas ao mesmo tempo ressaltou que “felizmente, a relação entre o presidente Donald Trump e nosso líder continua sendo boa“.
Depois de uma série de testes nucleares, Kim prometeu em abril do ano passado que seu país faria uma pausa nos testes e no lançamento de mísseis balísticos intercontinentais.
No entanto, imagens de satélite tiradas da principal planta de testes nucleares da Coreia do Norte na semana passada mostram movimentação que pode estar associada ao reprocessamento de materiais radioativos em combustível, segundo relato do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais dos EUA.