A Venezuela continua mergulhada numa profunda crise econômica e social, obrigando alguns venezuelanos a comprarem carne estragada nos mercados para conseguirem sobreviver.
Na cidade de Maracaibo, antes conhecida como a “Arábia Saudita da Venezuela” graças à produção petrolífera, os moradores fazem agora fila para comprar carne estragada, uma vez que os refrigeradores não funcionam devido às constantes falhas de energia.
Um dado revelado pela Associated Press (AP) que, no Las Pulgas, mercado central da segunda maior cidade do país, testemunhou vários moradores comprando o produto, sendo a única forma de consumir algum tipo de proteína.
Um desses casos é Yeudis Luna, pai de três filhos que, em declarações à agência, descreve que a “carne cheira um pouco mal, mas se consegue disfarçar com vinagre e limão”.
O homem de 55 anos, guarda em um estacionamento, foi deixado pela mulher, no ano passado, que se mudou para a Colômbia porque, explica à agência, não conseguia mais aguentar a fome. E nunca mais soube dela até hoje.
O certo é que o venezuelano tem três meninos para criar: um com seis, um com nove e outro com dez anos. Por isso, comprou a carne estragada, sabendo que é ruim, mas fazendo todo o possível para torná-la comestível.
Ao preparar a carne, Luna diz que a lava com água e depois a deixa mergulhada durante a noite em vinagre. No momento da preparação, espreme dois limões por cima e a deixa cozinhar com tomate e meia cebola. “Tive medo que meus filhos ficassem doentes porque são pequenos. Mas apenas o mais novo ficou com diarreia e vomitou“, conta.
Johel Prieto é um dos açougueiros deste mercado e justifica à AP que são as constantes falhas de eletricidade que estragam a carne, admitindo que já triturou uma parte e a misturou com carne fresca, na tentativa de mascarar a deterioração.
Não é de se admirar que muitas pessoas acabem doentes, mas a verdade é que os açougues deste mercado, com bandejas de carne de cor duvidosa e repletas de moscas, fazem fila. Alguns utilizam a carne para dar de comer aos cães, diz Prieto, enquanto outros a cozinham mesmo para as famílias.
Questionado com o porquê da decisão, Prieto é bastante direto: “Claro que comem a carne, graças ao Maduro“, referindo-se sem qualquer reserva ao presidente venezuelano. “A comida dos pobres é comida estragada”, acrescenta.
A Venezuela continua mergulhada numa profunda crise econômica e social: escassez de alimentos e de medicamentos, uma significativa inflação dos preços, o aparecimento de várias doenças e constantes protestos violentos contra o regime são alguns dos problemas que o povo tem de enfrentar todos os dias.
Ciberia // ZAP