Afinal, Marte pode não ser assim tão inóspito como pensávamos. Depois de ter sido confirmado que o Planeta Vermelho “esconde” um vasto lago de água salgada, um novo estudo aponta agora que o planeta pode ter oxigênio molecular suficiente para abrigar formas simples de vida.
Para a pesquisa, liderada Vlada Stamenković, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, os cientistas modelaram a composição da água de Marte – que se acredita existir sob uma camada de gelo no polo sul marciano, como anunciado em julho.
O estudo, publicado na segunda-feira (22) na Nature Geoscience, sugere que os depósitos de salmoura depositados abaixo da superfície de Marte, especialmente perto dos polos, podem conter oxigênio molecular – elemento crucial para a vida na Terra.
“Descobrimos que, no Marte moderno, a solubilidade do oxigênio em vários fluídos pode exceder o nível necessário para a respiração aeróbica”, pode-se ler no artigo.
Os resultados agora apresentados podem também explicar uma característica incomum registrada em Marte pelo rover Curiosity: rochas ricas em manganésio. Esse elemento teria exigido muito oxigênio para se formar e, até agora, os cientistas suspeitavam que se tivesse formado nos primórdios do planeta.
No entanto, esse estudo oferece uma justificativa mais recente: “[A descoberta] muda completamente a nossa compreensão sobre o potencial da vida no Marte atual”, disse Stamenković, em declarações à National Geographic.
A descoberta alimenta a esperança de vida em Marte, tornando ainda mais provável que o planeta possa suportar vida microbiana ou até mesmo animais simples, como esponjas.
Marte já foi semelhante à Terra
Há 4 bilhões de anos, Marte era bastante semelhante à Terra e, por isso, reunia as condições necessárias para abrigar vida. Na época, o Planeta Vermelho tinha uma atmosfera espessa e água fluída na superfície, bem como um campo magnético global e atividade vulcânica.
No entanto, atualmente o cenário é bastante diferente, sendo a superfície seca e fria: 5 a 10 graus Celsius durante o dia e -100 a -120 graus Celsius durante a noite.
Além disso, a pressão atmosférica é menos de 1% da que temos Terra – ou seja, qualquer fluxo de água evaporaria rapidamente. O vulcanismo está também morto e há apenas registro de campos magnéticos em pequena escala.
Por tudo isso, a vida em Marte tem sido considerada altamente improvável. Em junho deste ano, a nave espacial Mars Express detectou um vasto lago de água líquida sob a superfície do polo sul do planeta. Os cientistas acreditam que o sal poderia ajudar a água a se manter no estado líquido, sobrevivendo assim às temperaturas abaixo de zero.
Só futuras missões – como a sonda InSight da NASA e a Mars 2020 – poderão nos contar com mais detalhes como Marte foi (ou ainda é) habitável.
Ciberia // ZAP