Quem é a força dominante no nosso mundo? Quando pensamos no longo passado do planeta Terra, dividimos o tempo em eras: o Holoceno, o Paleozoico, o Cambriano… Cada uma delas tem suas categorias justificadas em eventos geológicos intensos, como eras do gelo, quedas de meteoros e por aí vai.
Desde os anos 1980, se debate se o momento em que vivemos não é definido pela alteração humana da natureza. Ou, em outras palavras: será que a modernidade e a produção do capitalismo moderno não alterarão para sempre a história da Globo?
O Grupo de Trabalho do Antropoceno, formado por 35 cientistas da Comissão Internacional de Estratigrafia, que define “oficialmente” as eras da humanidade, trabalha nesta questão desde o ano de 2009.
O termo Antropoceno foi criado pelo biólogo Eugene F. Stoermer, popularizado pelo químico Paul Crutzen. “Eu estava numa conferência onde alguém disse alguma coisa sobre o Holoceno. De repente, eu pensei que isso estava errado. O mundo mudou demais. Então eu disse: ‘Não, nós estamos no Antropoceno’. Criei a palavra no calor do momento. Todos se chocaram. Mas ela parece ter ficado”, relatou o cientista.
Desde então, o termo passou a ser utilizado em uma série de campos de conhecimento para definir o momento em que vivemos. Por um lado, ele serve para explicar o impacto da produção humana no espaço geográfico, mas, por outro, serve como crítica ao modelo econômico capitalista que impera no nosso planeta.
O grande problema do Antropoceno é marcar o seu ponto de partida: será que estamos causando mudanças drásticas na geografia do nosso planeta desde que a espécie humana se desenvolveu? Será que a raiz estaria no neolítico? Ou somente na revolução industrial? E por quanto tempo essas mudanças que causamos no planeta serão a ordem para a transformação da natureza? Não se trataria de uma banalização dos termos?
Todos esses são debates enfrentados no Grupo de Trabalho do Antropoceno, que deve deliberar oficialmente a existência do Antropoceno estratigráfico em breve. Caso a decisão opte por não alterar a temporização e rejeite o conceito, talvez a ideia do Antropoceno fique no passado para sempre. Ao menos, na geologia.
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