Parece um pato, caça como um pato, tem penas como um pato, mas é, na realidade, um dinossauro, parente do velociraptor. E é tão estranho, que os cientistas julgaram que era falso.
Um dinossauro com pescoço de pato e garras de velociraptor? Sim, existe. Trata-se do Halszkaraptor escuilliei, uma criatura que andou pela Terra há mais de 70 milhões de anos.
A bizarra criatura deixou um verdadeiro tesouro paleológico recém descoberto: o fóssil de um esqueleto em excelente estado, praticamente completo, encravado em uma pedra, que permitiu aos paleontólogos descobrir detalhes de uma das mais curiosas e interessantes criaturas do passado.
De tamanho similar a um peru e coberto de penas, o Halszkaraptor escuilliei vivia entre a água e a terra na região onde hoje é a Mongólia. As características de seu esqueleto mostram que ao mesmo tempo era capaz de passar longos períodos em terra e de nadar com facilidade e desenvoltura, com habilidade para caçar em ambos os meios.
Estes “cisnes da antiguidade” habitaram nosso planeta entre 71 e 75 milhões de anos atrás. Além das presas agudas, tinham um pescoço de cisne, garras mortíferas afiadas como navalhas em seus pés, um bico de pato e membros dianteiros que facilitavam nado.
“Se somarmos todas as caraterísticas, veremos que se tratava de um animal anfíbio: podia correr pela terra, como imaginamos os dinossauros e, além disso, podia entrar na água”, disse o paleontólogo Vincent Fernandez, acrescentando que o corpo da criatura era aproximadamente do tamanho de um pato, mas com uma cauda e patas mais longas.
O novo fóssil foi desenterrado no deserto de Gobi, uma zona rica em fósseis de dinossauros e conhecida como Ukhaa Tolgod, onde havia rios e lagos.
“Quando vi o fóssil pela primeira vez, fiquei em choque”, disse Andrea Cau, paleontóloga da Universidade de Bologna e uma das autoras do artigo que apresenta a descoberta do animal, publicado essa quinta-feira (6) na revista Nature.
“O fóssil estava tão completo, lindamente preservado e, ao mesmo tempo, era tão enigmático e bizarro, com uma mistura inesperada de características estranhas. É o mais excitante desafio para uma paleontóloga”, afirmou.
Tão estranho quanto o próprio animal foi a maneira com que o fóssil foi, de fato, revelado. Passados 70 milhões de anos preso em uma pedra, o esqueleto foi provavelmente descoberto no passado recente, retirado da Mongólia para China, para depois chegar ao mercado ilegal de fósseis da Europa.
Um revendedor honesto, cujo sobrenome, Escuillié, acabou batizando o animal em sua homenagem, foi informado do fóssil, teve acesso ao tesouro e o enviou a um paleontólogo, que só assim pode realmente assegurar a descoberta à ciência.
E assim, agora podemos não só estudar ainda mais os incríveis detalhes da evolução na Terra, como confirmar mais uma vez o quanto o estudo das espécies do planeta irão sempre surpreender a todos.
Ciberia // Hypeness / Live Science