A Air New Zealand passou a oferecer a bordo um hambúrguer de carne sintética que tem provocado a ira nacional. Várias figuras da política neozelandesa consideram que o sanduíche é “uma ameaça aos produtores de carne” do país.
Segundo o The Guardian, um hambúrguer vegetariano, que “sangra” sangue falso, está sendo acusado de representar uma “ameaça” para a indústria da carne na Nova Zelândia, com uma grande discussão no país sobre o aparecimento da carne sintética.
O “Impossible Burger” (“hambúrguer impossível”, em tradução para português) está sendo servido na companhia aérea nacional Air New Zealand, e já provocou a ira do primeiro-ministro interino, que substitui a chefe do governo Jacinda Ardern, atualmente em licença maternidade.
Winston Peters afirma ser “totalmente contra a carne falsa” e considera que a companhia aérea deveria usar produtos animais verdadeiros. O “fake burger”, como já é chamado, foi criado por uma empresa norte-americana e é servido a passageiros da classe executiva em voos da transportadora entre Los Angeles e Auckland.
De acordo com o jornal, um representante do partido New Zealand First, Mark Patterson, alerta em comunicado que o hambúrguer pode representar “uma ameaça existencial ao segundo maior produto exportado na Nova Zelândia” e é como uma “bofetada” para o setor da carne vermelha.
“Ter a Air New Zealand a promover ativamente proteínas sintéticas, com uma componente de modificação genética, não é um bom exemplo da Nova Zelândia”, afirmou o porta-voz do partido nacionalista.
Por sua vez, Nathan Guy, porta-voz do Partido Nacional da Nova Zelândia, afirmou no Twitter que é “decepcionante” ver a companhia aérea optar por uma opção vegetariana, com as empresas não-carnívoras assumindo que o país precisa “acompanhar os tempos” modernos.
Em comunicado, a Air New Zealand afirma que gasta milhões de dólares, todos os anos, na compra de carne bovina e ovina da Nova Zelândia, considerando que o hambúrguer vegetariano não representa uma ameaça à indústria nacional de carne vermelha.
“Só no ano passado, servimos, com orgulho, cerca de 1,3 milhão de quilos de carne neozelandesa para clientes de todo o mundo”, refere a companhia. “A Air New Zealand não se desculpa por oferecer produtos inovadores aos clientes e continuará a fazer isso no futuro”, informou.
De acordo com o Expresso, essa não é a primeira vez que o hambúrguer – e a empresa que o criou – gera polêmica. A Impossible Foods foi fundada em 2011 pelo bioquímico Patrick O. Brown e captou investimentos na ordem dos 300 milhões de dólares. A meta: abolir a carne até 2035.
No caso do hambúrguer, os ingredientes de base são proteína texturizada de trigo, proteína de batata, óleo de coco e leg-hemoglobina, uma molécula que contém ferro e que existe naturalmente em todas as plantas e animais, escreve o periódico. Nos Estados Unidos, o “Impossible Burger” já está disponível em 2.500 restaurantes.
Ciberia // ZAP