Michael Klimentyev / Sputnik / Kremlin Pool

O presidente russo, Vladimir Putin com Donald Trump na cúpula do G20, em julho do ano passado
Os presidentes dos EUA e da Rússia realizam, nesta segunda-feira (16), em Helsinque, sua primeira cúpula bilateral, sob o espectro da ingerência russa nas eleições presidenciais norte-americanas de 2016 e ainda da situação na Ucrânia e na Síria.
O encontro entre Donald Trump e Vladimir Putin acontece na residência oficial do chefe de Estado da Finlândia, Sauli Niinisto, e o presidente norte-americano voltaria pela terceira vez a discutir com o homólogo russo sobre a situação na Síria, na Ucrânia e no Oriente Médio, e ainda o estado das relações bilaterais, de que se destaca a suposta ingerência russa nas eleições de 2016.
A cúpula teve início com um encontro privado entre os dois líderes, sendo acompanhado apenas pelos seus intérpretes. Em seguida, ambos participam de um almoço de trabalho conjunto com ministros e assessores, seguido de uma coletiva de imprensa.
No Twitter, o presidente dos EUA escreveu que, graças à investigação de Robert Mueller sobre a suposta ingerência russa nas últimas eleições, o relacionamento entre os dois países nunca foi tão ruim. “Nosso relacionamento com a Rússia nunca foi pior devido aos muitos anos de absurdo e estupidez dos EUA e agora a caça às bruxas”.
Na sexta-feira (13), o procurador-geral adjunto dos Estados Unidos, Rod Rosenstein, revelou a acusação a 12 oficiais de inteligência russa por práticas de pirataria informática no ato que elegeu Donald Trump à Presidência.
Ingerência russa, situação na Ucrânia e na Síria
A proximidade entre os presidentes norte-americano e russo tem sido notória há mais de um ano, como também tem sido um fato que a Administração Trump foi envolvida em controvérsias por causa da ingerência russa.
Antes de viajar para Helsinque, durante a visita que efetuou ao Reino Unido, Trump afirmou que os ataques ao presidente russo são uma “caça às bruxas” e estão prejudicando as relações com Moscou.
“Eu acho que isso prejudica seriamenete o nosso país, e prejudica nossa relação com a Rússia. Eu acho que nós teríamos uma oportunidade de ter uma relação muito boa com a Rússia e uma relação muito boa com o presidente Putin”, afirmou.
Por outro lado, o apoio, difícil de esconder, de Moscou aos separatistas ucranianos e a intervenção militar na Síria, para manter Bashar al-Assad na Presidência, colocam a Rússia e os EUA em lados diferentes do conflito.
Na Síria, o único denominador comum é o combate ao Estado Islâmico, mas isso não é o suficiente para igualar as diferenças que se acumulam entre Washington e Moscou em outros domínios, apesar do bom relacionamento pessoal que os dois presidentes mutuamente cultivam.
A cúpula de Helsinque é a terceira entre presidentes dos dois países e embora não se pronuncie sobre a agenda do encontro, Trump ainda acredita que a melhoria das relações bilaterais assenta no bom relacionamento pessoal que mantém com Putin.
Todavia, em entrevista à CBS News, divulgada neste domingo (15) pela televisão norte-americana, Trump afirmou que não espera muito do encontro: “Não vou com altas expectativas”.
2 mil manifestantes em protesto anti-Trump e Putin
Cerca de 2 mil pessoas se manifestaram neste domingo na capital finlandesa contra as políticas de Putin e Trump. A manifestação percorreu o centro de Helsinque em protesto contra as políticas de imigração da Administração de Donald Trump e a intenção do presidente dos EUA de construir um muro na fronteira com o México e contra a homofobia impulsionada pelo Kremlin, a falta de liberdade e a detenção de ativistas.
O lema da manifestação foi “Seremos novamente grandes nos direitos humanos”, em alusão ao slogan de Donald Trump desde que chegou à Casa Branca, há um ano e meio (“Make America Great Again”). O protesto contra os líderes das duas grandes potências nucleares reuniu ativistas da Anistia Internacional, ecologistas, anarquistas e membros do movimento LGBTI+.
A comunidade ucraniana residente em Helsinque também protestou contra o fato de a Rússia continuar a ocupar a Crimeia. “Que Putin faça tudo o que queira no seu próprio país é uma coisa, mas invadir outros países para roubar territórios não está nada bem”, disse à EFE o ucraniano Víctor Ivanov, que marchou acompanhado da mulher, envolto a uma bandeira da Ucrânia.
Oki, um finlandês que se expressa em russo, percorreu 250 quilômetros desde a cidade de Pori, no noroeste da Finlândia, para se manifestar no centro de Helsinque com um grande cartaz com a palavra de ordem “Deportemos o racismo”. “Queremos que Putin e Trump deixem de estimular guerras em todo o mundo”, disse à agência espanhola.
A poucos metros, Helena, finlandesa que trabalha em uma instituição da ONU em Genebra, exibia um cartaz que exigia a liberdade para o cineasta ucraniano Oleg Sentsov, que cumpre uma pena de 20 anos de prisão na Rússia, por delitos de terrorismo, e que se encontra em greve de fome há dois meses.
“A situação da liberdade de imprensa na Rússia é realmente deplorável. Falar com liberdade e trabalhar para os direitos humanos é muito problemático na Rússia”, afirmou.
Ciberia, Lusa // ZAP